Ela


Ela chorava. Em segredo, porque chorar não podia. E então fazia-o por dentro, em siêncio, inundava o coração, o peito, a mente e mantinha, exteriormente, a honra limpa.
De vez em quando, às escondidas, escapava. Fechava-se no quarto por momentos e, diante do espelho, transformava-se. Era a mulher que não podia ser. Era a mulher que para si mais desejava, era livre. Era ela. Era bela. E sonhava. Sonhava que o seu homem era alguém que amava, que a amava. Alguém que a respeitava, protegia. Alguém que sabia fazê-la sentir-se mulher.
Desejava que esses momentos fossem eternos, mas eternizá-los não podia, porque do outro lado da porta a vida esperava-a. Ela não poderia tardar. Havia muito, muito que fazer, que se esforçar, que sofrer.

a elas.

-Ruth
(to women's repression.)

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